
No dia em que se comemorou os 523 anos de batismo da Baía de Todos-os-Santos (BTS), a Fundação Vovó do Mangue lançou uma nova etapa do projeto CO2 Manguezal, com foco na restauração ecológica de áreas de manguezais e bacias litorâneas da BTS, visando a proteção da biodiversidade e dos mananciais. Até o ano de 2027, o CO2 Manguezal – Floresta Viva irá restaurar 217 hectares de manguezais e matas ciliares e promover uma rede de protetores ambientais com mais de cinco mil pessoas nos municípios de São Francisco do Conde, Maragogipe e Vera Cruz, no Recôncavo Baiano. O projeto prevê ainda a realização de pesquisas sobre o potencial de sequestro e de estoques de carbono, ações de educação ambiental e de fortalecimento da cadeia produtiva da restauração ecológica.
Entre as ações que mais contribuem para o aquecimento global e as mudanças climáticas está o desmatamento, que causa o aumento de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. Dados publicados no relatório técnico do Atlas dos Remanescentes Florestais mostram que, no período de 2015 e 2020, a Bahia teve quase 25 mil hectares de florestas derrubadas, colocando o estado entre os primeiros em desmatamento no país. Outro dado preocupante foi apresentado pelo Observatório do Clima, de que entre 2000 e 2017, a Bahia teve uma redução de 21% da sua área de manguezais, cuja maior concentração se encontra na Baía de Camamu, Ilha de Tinharé e Baía de Todos-os-Santos. Com 46 mil hectares de manguezais, a BTS é um sistema estuarino que recebe a descarga de três bacias hidrográficas associadas aos rios Paraguaçu, Jaguaripe e Subaé.
“Diante deste contexto, é urgente que medidas sejam tomadas tanto no sentido de mitigar os danos já causados, como também no sentido de frear o desmatamento de matas ciliares que protegem os rios que deságuam na baía, e de áreas de manguezais que, além de serem o berço de reprodução de várias espécies marinhas, são também a base de sustento, de produção de alimento e geração de renda para as comunidades que vivem no entorno da BTS”, afirma Luiz Carlos Brasileiro, diretor geral da Fundação Vovó do Mangue, destacando a importância do projeto CO2 Manguezal.
O projeto CO2 Manguezal – Floresta Viva tem apoio financeiro do BNDES e da Petrobrás, por intermédio do programa Manguezais do Brasil, do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade – FUNBIO, e conta com parcerias institucionais da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal do Recôncavo (UFRB), Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Secretaria de Meio Ambiente do Estado da Bahia, Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA), e das prefeituras de São Francisco do Conde, Maragogipe e Vera Cruz.
Principais frentes – Entre as principais ações do projeto está a elaboração de um Plano de Restauração de Áreas Degradadas – PRAD, a partir de um diagnóstico ambiental e social que indica as áreas com maior potencial para o reflorestamento. Até 2027, serão restauradas 217 hectares de manguezais e matas ciliares, sendo 35 hectares de mata ciliar em Maragogipe e 182 hectares de manguezais em São Francisco do Conde. As áreas recuperadas serão monitoradas por mais dois anos, observando-se as características físico-químicas e microbiológicas da água e sedimentos, bem como a composição de espécies vegetais e animais que ali vivem.
Já a frente de trabalho voltada para a educação ambiental realizará a mobilização das comunidades beneficiadas, identificando potenciais lideranças para criação de grupos de sustentação em cada município e formação de rede de multiplicadores. A partir daí serão implementadas ações de educação ambiental voltadas para diferentes públicos: para as crianças, por exemplo, será montada a Tenda Kirimurê, um espaço lúdico e itinerante dedicado à narração de histórias, atividades com fantoches, apresentações musicais e recital de poesias com a temática ambiental.
No caso de adolescentes e jovens serão utilizadas ferramentas interativas e de geração de conteúdos, como a produção de podcast informativo e educativo, Quiz e jogos, e a produção de conteúdos digitais. Por fim, as atividades voltadas para a formação de adultos, envolvendo professores, agentes comunitários, lavradores, pescadores e marisqueiras, buscarão estimular o debate e a troca de experiências, valorizando os saberes das populações tradicionais, com vistas para a construção participativa de políticas municipais de educação ambiental.
Sobre o projeto – Realizado desde 2013, o projeto tem foco no reflorestamento de áreas degradas de manguezais e florestas, mensurando o estoque e o potencial de sequestro de carbono nas áreas de reflorestadas através de inventários florestais que utilizam parcelas amostrais em áreas de mata atlântica e ecossistemas associados. Além disso, o projeto possui um amplo programa de mobilização comunitária e educação ambiental, que cria uma rede de protetores do meio ambiente e multiplicadores de boas práticas entre crianças, jovens e adultos tanto das cidades, como das regiões ribeirinhas.
Bruno Barbosa, coordenador geral do projeto, destaca que “o Co2 Manguezal também representa uma junção de esforços, envolvendo diversos profissionais, pesquisadores e, principalmente, as comunidades tradicionais da região, visando a proteção da biodiversidade e dos mananciais, a adaptação às mudanças climáticas e a geração de benefícios ambientais e sociais”.
Clique aqui e conheça as bases de apoio do projeto em Maragojipe e São Francisco do Conde.