Cada vez mais, devotos têm optado pelas oferendas ecológicas

O dia 2 de fevereiro está chegando e milhares de devotos de Iemanjá irão às praias entregar presentes e oferendas à Rainha do Mar. Por ser conhecida como a divindade da fertilidade e estar muito ligada ao universo feminino, pessoas acreditam que deixam Iemanjá feliz ao presenteá-la com perfumes, maquiagens, pentes, sabonetes, bonecas e espelhos. Porém, tem crescido o movimento de devotos que acreditam que a orixá fica feliz mesmo é com o mar limpo.
No lugar do barco de madeira, que demora 15 anos para se decompor, estão sendo usados barcos feitos de papel ou de palha natural; em vez do perfume na embalagem de vidro, que pode levar mais de 1 milhão de anos na natureza, devotos banham as pétalas das flores com o perfume. Com pequenas mudanças, mas grande consciência ambiental, produtos industrializados e químicos, como plástico, vidro e isopor vão sendo substituídos por produtos naturais e orgânicos, como ervas, comidas, objetos em argila e outros materiais biodegradáveis.
Babalorixás, Yalorixás e outras lideranças religiosas do Candomblé e da Umbanda também têm se unido a esse movimento, fortalecendo a ideia de que o mais importante é focar no que é energia e axé para a orixá. Eles acreditam que tradição religiosa e sustentabilidade podem e devem caminhar juntas, afinal, se os orixás representam forças da natureza, não faz sentido deixar no meio ambiente oferendas que o prejudiquem.
A tradição de festejar Iemanjá é centenária e nasceu em uma época em que ainda não se falava sobre sustentabilidade, e nem se pesquisava sobre as consequências do depósito de materiais industrializados na natureza. Mas com o conhecimento e a informação que se tem hoje sobre o impacto desses resíduos nas águas e na vida marinha, novas atitudes e práticas podem ser adotadas sem perder a fé e a tradição.